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segunda-feira, 11 de julho de 2011

A busca do Ser e aceitação de novas perspectivas

"Hoje sei muito bem que nada repugna tanto o homem do que seguir pelo caminho que o conduz a si mesmo" (Herman Hesse in Demian)


     Há momentos em que todos nos embaraçamos para "sempre", perdidos e agarrados a um passado sem retorno, um sonho de um "paraíso" perdido e este acaba assassinando todos os outros sonhos. Você acabou de morrer e nem se quer notou. Até quando podemos  sonhar um sonho antigo? Será que viver nesta ilusão, impedirá que brote da fonte outros sonhos? Uma plena e consciente renovação do sonhar e do sonhador. É possível?  Sinclair se pergunta diversas vezes, sem notar: Estou disposto a aceitar esse novo eu, "aquilo que brotou espontaneamente de mim"? Ou estou preso ainda às antigas sensações, antigos projetos, antiga vida. Sinclair vive o duelo entre viver o que ele chama de "Mundo divino" ou viver no "mundo obscuro", e o livro inteiro parece mostrar que não há como dividir o mundo entre o que é benéfico e maléfico. Tudo possui um caráter divino e térreo ao mesmo tempo. Max Demian o mostra que é possível entender o mundo e até mesmo Deus ( para eles o Abraxas) como uma mistura dessas duas realidades ou melhor, dessas duas energias. Ambas vitais ao universo. Pois não existe o mal sem o bem, nem o bem sem o mal. Para que se possa apontar e denominar uma coisa é preciso que se reconheça o outro como sendo o oposto. Parecer mais clara, o extremo oposto. Exemplo: Homem/ mulher; Deus/Diabo; bem/mal; heterossexual/homossexual; velho/novo; tudo mais que estabeleça uma relação dual, biforme, binária.
  Sinclair percorre um caminho onde dar poder aos seus próprios anseios, torná-los reais, significa ignorar convenções sociais, padrões... Isso de inicio é bem difícil a ele, pois a criação, os costumes, a própria "cultura" que o cerca ( construída pelo seu lar, escola, etc) estão profundamente enraizadas e parecem sempre o condenar. Condenar tudo que defende, tudo que pensa, tudo que gostaria de realizar. Pôr-lo em um minusculo mundo e estigmatizá-lo de "fruto da árvore do mal" ( encontrei essa expressão para melhor definir a maneira como talvez ele se sinta em meio a esse mundo que divide as coisas.
 Apesar de tudo, com todas essas dificuldades, Sinclair parece realizar uma forte quebra de convicções, paradigmas, e buscar outros... Movido ao seu desejo, ouvindo os conselhos do jovem Demian que diz: "Somente as ideias que vivemos é que têm valor"; "aquele que acha mais cômodo não ter que pensar por si mesmo e ser seu próprio juiz acaba por submeter-se às proibições vigentes"; ignorando comparações, Sinclair busca a si mesmo fora do que se chama sociedade, observando então seus desejos mais íntimos e ao que fala sua "alma", o que lhe pede o "coração". Enfim, entender a realidade e o imaginário como algo que brota dentro de nós, pois "[...] se os outros vivem tão irrealmente é porque aceitam como realidade as imagens exteriores e sufocam em si a voz do mundo interior", ou seja, as próprias ideias, desejos e o próprio EU. 
  Sinclair se sente diferente: não compartilha dos mesmos desejos que vê possuir a maioria das outras pessoas. Sua busca é a alegria que vem de dentro e não a aparente. Eva, mãe de Demian, o diz: "Você não deve entregar-se a desejos nos quais não acredita. Sei o que deseja. Você tem que abandonar esses desejos ou desejá-los de verdade e totalmente".
  Seriam esses desejos as novas convicções que Sinclair têm medo de aceitar? Tem medo ele de que sejam elas permanentes? Mas como diria Chaplin "Cada segundo é tempo para mudar tudo para sempre". Não há convicção permanente. As mudanças ocorrem antes mesmo de percebemos, algumas antes mesmo de querermos... E outras, mesmo quando não queremos.
   Mas a obra Demian abre um leque para uma porção de discussões filosóficas, toda vez que se lê ela, pode se ter uma ideia nova, uma nova interpretação. Nunca é o mesmo livro. Hoje eu decidi falar desse aspecto, que eu pelo menos, julgo ter "encontrado" este e me encantado por ele nesse encontro, mas sempre a algo a acrescentar.  A obra é de todos. Todos que leem e  pensam sobre ela. Fiquem a vontade! Vamos construir o novo!

Lua


Um comentário:

  1. Verdade... anotei alguns trechos do Demian, vou trascrever um deles, fala de Pistórius: "A única realidade é aquela que se contém dentro de nós, e se os homens vivem tão irrealmente é porque aceitam como realidade as imagens exteriores e sufocam em si a voz do mundo inteiro. Também se pode ser feliz assim.", "...mas quando se chega a conhecer o outro, torna-se impossível seguir o caminho da maioria. O caminho da maioria é fácil, o nosso é penoso. Caminhemos." . Veja que é o mesmo trecho que você selecionou. Eu já o li mais de 5 vezes... foi o livro mais impactante que li, porque mostra a Liberdade sem limites... o que não é assim tão otimista... pois não se pode ser livre a todo momento... aliás, são os raros momentos de Liberdade que fazem a vida toda valer a pena... o resto é bobagem... de nada adianta viver até os 100 anos ou mais como vangloria-se a sociedade moderna... prefiro viver como um bicho até os 20 anos... bons tempos aqueles que não existia a Razão... e vamos uivar para a Lua!!!! AaaaaaaauuuuuuuuuuUUUUUUUU!!!!! AUhauhahuahhauuahauhhauhauauaaauuuu!!!! Bjos, Luanna!

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